No Ponto de mutação, do físico austríaco Fritjof Capra, que li já há bastante tempo, há uma informação que, naquele momento, me foi surpreendente e que me cativou: a idéia de que a Terra, com o aparecimento do homem, foi gradativamente se aquecendo, tornando-se menos hostil para que pudesse receber, tal qual uma mãe carinhosa, o filho que acabara de chegar, para que pudesse, à semelhança da mãe que doa seu leite e seu colo, oferecer condições de vida àquele ser tão frágil.

Independentemente do fundamento científico da afirmação, que Capra certamente sustenta, trata-se de uma bela metáfora: a Terra-mãe. Atualmente, mesmo quem vive alienado, tem sido bombardeado com informações sobre os estragos que causamos, sobre nossa ingratidão filial. Depois de tanto carinho, simplesmente cuspimos-lhe a cara. As notícias sobre o visível desequilíbrio ecológico ainda nos causam surpresa, mas não deveria. A Terra, como o cachorro que se sacoleja para se livrar das pulgas na música do maluco beleza, Raul Seixas, dá seus gritos. Quem tiver ouvidos, ouça!

Walter Moreira, 09 maio 2009